Após a tempestade.
O horizonte era cinza,
no meu entorno era somente mar,
os lábios rachados e secos
a sensação de querer desmaiar
O vento era forte e frio
As velas se enchiam
O mastro parecia envergar
E assim a embarcação singrava
Enquanto ela singrava eu sangrava
Lembrando de tudo que vivi
Os erros e os acertos
A vida que nunca entendi
Era um momento sublime
Sozinho pude me conhecer
Pelo menos podia tentar
Precisava me entender
Para poder me amar
Sozinho em meus sentimentos
Com a coragem que podia ter
Não sabia mais o destino
Não sabia se iria morrer
As vagas eram grandes
Os solavancos também
O que me dava esperança,
As pessoas que queria bem
Já era o terceiro dia
E não via a terra chegar
Fui desviado da rota
Estava perdido no mar
A tempestade chegou
Ela não podia me levar
Baixei as velas
O mastro quebrou
Segurei no timão
Não queria afundar
Tentava alinhar a proa
Uma luta injusta
Maior era o mar
Então insisti em minha luta
Diante daquele desafio
Era grande a labuta
Minha vida por um fio
Uma onda sobre a outra
Lavava todo convés
Entendi ali o que é Deus
Eu estava a seus pés
O mar foi se acalmando
A tempestade já passou
Mas agora estava a deriva
Quando uma gaivota pousou
Então, tive esperança
Que algo iria mudar
Quando vi ao longe
Outra embarcação chegar
Hoje escrevo tranquilo
Toda a aventura que vivi
Valorizo mais a vida
Porque eu quase morri
Foi uma prova de perseverança
Após uma tempestade
Sempre virá a bonança