ESCAVADOR
Eu cavei o meu buraco,
Todo dia um pouquinho,
Sempre que eu não escutava
O que dizia minha mãezinha.
Fui cavando sem parar,
Depois aumentei a velocidade,
Era um tal de me afundar,
Me fazia muita maldade.
O buraco foi ficando fundo,
Lá em baixo um lamaçal,
Do qual não conseguia me soltar,
Mesmo com todo esforço.
A luz também não havia,
Não sabia se era noite ou dia,
Por mais que me esforçasse não a via,
Nem a saída daquele poço.
E então tudo foi mudando,
Parei de fazer minhas besteiras,
Comecei a encontrar suporte,
Para subir pelas beiras.
Comecei a me soltar da lama,
A subir com muito esforço,
Eu já via a luz bem pequena,
Comecei a ter esperança.
Quando finalmente eu saí,
Comecei a tampar aquele buraco,
Levou tempo para fechar tudo,
Deu mais trabalho do que para furar.
Depois de tudo fechado,
Eu não queria me esquecer,
Do que havia passado,
Eu coloquei bem em cima
Meu retrato esfarrapado.