Suíte 51
Me pego imaginando
você todos os dias
e percebo um quê de
sadismo e insanidade em tudo isso.
Acordo lembrando do sabor
de vinho que deixei
no teu pescoço
e abraço o travesseiro mais
próximo como o bom e
velho cuzão que sou.
Escuto teus áudios do whatsapp
sem aumentar a velocidade
e isso me prova que
ainda não gastei por inteiro
a paixão besta
que tenho aqui dentro.
Todo o meu papo
de que já dei tudo o que
eu tinha de bom para outra
vai pro inferno
quando a tua boca está na minha
e sorrio nervoso
me perguntando
o que o destino vai fazer
para descontar toda essa
atual boa sorte.
De que forma
vão tirar de mim
essa sensação parecida com felicidade?
Realmente, não sei como,
mas vão.
Até lá, me afundo em tu.
Rápido, louco, cego, suicida,
do jeito que tem que ser.
Me orgulho das tuas marcas
nas minhas costas.
Das tuas mãos doces e assassinas
me tirando todo o ar
enquanto você me cavalga,
selvagem e impiedosa.
Me orgulho do teu olhar
meio triste,
cheio de carinho e parado
nos meus olhos
por alguns instantes.
A inflação,
a raiva desesperada,
a violência sem sentido,
a humanidade,
a porra desse spleen que me acompanha sempre.
Nada disso me afeta tanto
contigo por perto.
Nem uma mariposa
à beira da morte
consegue voar tão leve
como nós dois juntos
e todos os grandes
e ridículos poemas sobre amor que já li,
aos poucos,
começam a fazer algum
sentido.