A MINHA CARA ENTRE AS CINZAS (Aos Amores perdidos, aos Amores Achados)

Horizontes perpétuos

Horizontes de amor

Que me hão-de acompanhar

Independentemente do local

Para onde eu for

Esboços

Evanescentes

De batalhas perdidas

Ou como repito um velho quadro recorrente:

Levantar

A minha cara entre as cinzas

Ou porque

Nessa absurda e lógica razão

Que depois de mais uma razia

No coração

Entre os campos íntimos e inofensivos de morte

Onde enterrei mais um afecto

Vislumbro horizontes

De possível glória

Onde continuarei

A contar a minha história

De guerreiro lírico perdido

Guerreiro lírico achado

Que embora só

Só se sente

Quando cria uma presença

A seu lado

Nem que seja

Para passar uma noite

Ou um segundo

Para essa alma

Terei

Todo o Amor do mundo

Que recrio

Estou sempre a recriar

Num rio de sentimentos

Que vem sempre

À poesia

Desaguar

Para um mar de mágoas

E de infinita esperança

Onde remo nas ondas alterosas

Com o desejo de encontrar um pedaço de terra

De céu

Que seja a minha salvação

A minha bem-aventurança

Porque no espaço

Onde me situo

Há imensas estrelas

(e qual delas

a mais bela?)

Tangíveis

Mas ao mesmo tempo inacessíveis

E é nesse jogo

De agarrar essas estrelas

Que são como a areia do mar

Que me escapam entre os dedos

Quando as tento

À minha maneira amar

É nesse jogo

Infinito

De estimar o perene

Essas coisas lindas

Que me recrio eternamente

Retirando eternamente

A minha cara entre as cinzas