Escrevo um poema de arquitetura surreal
Quando a massa é escutada palavras por palavra
Quando um pássaro se revolta e volta
E não ruma para o norte
Buscando a sua sorte
Num sonho que deixou para trás.
Pinto uma tela que é ela quem me pinta
Com traços que mudam no tempo
Enquanto a face enruga-se envelhece
Somando fantasmas em carma
Que acalma
Numa palma
Que pinta um quadro que lhe pinta
Alma.
Nas sombras guiadas pelo sol
Nas migalhas guardadas de um amor como o girassol
Paira o frescor que só quem provou não esquece
Que nada é melhor que memória de um frio quando se aquece.
Nesta hora da pintura
Que ilumina uma tela escura
Entre a contínua idade
Das sombras que nos serve árvores.