Paixão ilógica
Atravesso o meu caminho lânguido,
e renovo a minha estrela pálida.
Eu prossigo sem limites ásperos.
Minha boca em silêncio gélido.
Multiplico os meus desejos cômicos.
Meu orgulho é um desenho gótico
a transpor meu coração anônimo,
que é alvo de carinhos súbitos.
Afugento o meu cansaço mórbido
para que eu me reconheça límpida,
e adormeça num abraço ávido
meu espírito, num berço rígido.
Há quem diga que a paixão é nômade,
e que brota da semente mágica.
Que explode em movimento esplêndido.
Só o amor é um sentimento impávido.
Meus sentidos se despertam trêmulos
entre o amor e a paixão ilógica.
E num gesto de espanto nítido
eu renasço dessas cinzas cálidas.
Marilia Abduani