PERSEU E AS GÓRGONAS CAP 15
PERSEU E AS GÓRGONAS XV – 02 dez 21
Então seu pai lhe orientou o braço
e sobre ela brandiu-se Chrysaor,
no pescoço da mãe final abraço,
nesse amor e ódio de filial rancor;
do frio olhar apagou-se todo o traço,
porém Perseu guardou sadio temor
e sem olhar, pôs a cabeça no surrão,
de suas picadas alcançando proteção!
E alçou voo, sem esperar por mais,
sentindo morta a espada do seu lado,
enquanto estátuas de pedra minerais
se desmanchavam e tombavam sem cuidado;
e desse modo, não veio a saber jamais
do nascimento do cavalo alado,
Pégaso, que do pescoço após desponte,
visto e domado por Belerofonte!...
Voltando a Sírifos, encontrou embriagado
Polidectes, sua mãe a perseguir;
no seu caminho deteve o passo alado...
Mandou o rei ao jovem destruir,
mas Perseu advertiu, no instante azado,
seus amigos ambos olhos a cobrir;
então tirou a cabeça do surrão,
dos inimigos petrificada a multidão!
Polidectes percebeu o acontecido
e sua cabeça baixou bem depressa,
sendo a Perseu ainda vivo conduzido
e de pedir-lhe perdão então não cessa...
Mas no momento em que lho foi concedido,
apoderou-se do surrão, em grande pressa,
pretendendo vingar-se de Perseu,
mas em pedra também se converteu...
Perseu então a estátua carregou
e aos pés de Dânae arrojou-a por momentos;
e então da encosta ao mar ele a lançou,
Polidectes esfacelando em fragmentos;
sua coroa o povo lhe entregou,
porém a recusou e deu assentos
nos tronos ao casal de pescadores,
Climene e Díctis, seus antigos protetores.