Agora vale a alegria de viver
Agora e sempre só a vida vai valer
A alegria do mundo inteiro se precipitou para formar meu corpo.
As estrelas me beijaram e beijaram, até que eu despertei.
As flores dos verões fugitivos sopraram o seu perfume em minha boca, e as vozes do vento e da água cantaram em meus movimentos.
Nuvens e florestas fluíram em maré de cores apaixonadas, entrando em minha vida, e a música de todas as coisas me acariciou, dando forma aos meus membros.
Uma fonte suave brota do meu coração.
A alegria lava os meus olhos como o orvalho banhando a manhã e a vida estremece em meus membros como as cordas de uma guitarra.
Foi apenas ontem que eu vim à tua terra, Senhor nu e sem nome, com um grito choroso.
Hoje, a minha voz é alegre, e tu ficas de lado, abrindo espaço para que eu possa tornar plena a minha vida.
Senhor, garante que eu não seja tão covarde para sentir a tua misericórdia apenas no meu triunfo.
Permite-me encontrar o teu aperto de mão no meio do meu fracasso.
Que eu nunca peça para ficar livre dos perigos, mas coragem para enfrentá-los.
Que eu nunca peça para ficar livre dos perigos, mas coragem para enfrentá-los.
Que eu nunca mendigue paz para a minha dor, mas coração forte para dominá-la.
Que eu nunca procure aliados na batalha da vida, mas a minha própria força.
Que eu não anseie medrosamente pela salvação, mas tenha esperança e paciência para conquistar a minha liberdade.
Sinto que todas as estrelas brilham em mim.
O mundo irrompe em minha vida como inundação, e as flores desabrocham em meu corpo.
Toda a juventude da terra e da água fumega em meu coração, como incenso, e o sopro de todas as coisas brinca em meus pensamentos, como numa flauta.
Senhor, como gotas de descobrir que eu amo este mundo para onde me trouxeste!
Teu mundo é um feixe de luz, que se derrama e enche as tuas mãos.
Mas o teu céu está escondido em meu coração.
E, pouco a pouco, ele vai abrindo as suas flores em botão, com timidez de amor.
Ó meu Mestre, derrama o teu coração nas cordas da minha vida com as melodias que nascem das tuas estrelas.
R. Tagore (Seleção de Poemas de 'A Colheita')