A VIDA É MAIS ESPERANÇAS
Eu sou um alienado.
Um alienado eu sou.
Recusei, por teimosia,
todas as notícias televisivas:
a fala que anuncia acidentes,
o relato que prolonga o assalto,
o ateísmo que acinzenta os descrentes,
o jornalismo que romantiza o assassinato.
Pus-me a buscar outras fontes
naturalmente à minha disposição:
o ressurgir do Sol no amanhecer,
a respiração sem pressa,
o som do vento batendo à janela,
o recolher da tarde e
o retorno manso da Lua,
que sereniza a noite e
evita a prevalência da escuridão.
Isso não significa pintar utopias na mente,
mas acolher o lado belo - e real - da vida.
Eu passei a ver que o mundo é menos desastres
e que a vida é mais esperanças.