MÁ FORTUNA…
Má fortuna a minha, sofrer este exílio
Infindo, sem culpa formada, invenção
Forjada para me manterem afastado
Por muito tempo, sem ser julgado.
O tempo se encarregará de denunciar
Esta calúnia que me feriu duro golpe,
Para a verdade se conhecer um dia
Minha má fortuna, minha cruel sorte.
Muita gente, tanta gente se entrega
A este tipo de calúnias que nos fere
Como um cutelo, tal uma vil megera
Que lança seu veneno e se hiberna.
Um dia a verdade vira à tona da vida
Antes da minha partida para o etéreo,
Será tanta coisa deveras esclarecida
À beira da cova dum certo cemitério.
Já Camões se queixava da má fortuna
Que teve com seus amores frustrados,
Com donzelas presumidas de virgens
Que não passavam de meras vertigens.
Esta má fortuna terá o seu breve fim,
Não havendo mal que assim perdure,
Por ser feita a devida e certa justiça,
Como vencedor duma disputada liça.
Ruy Serrano - 22.11.2021