Renúncia
sinto as letras desagregadas e sem norte
massacradas pela tristeza de não sorrirem
acabrunhadas ocas arredias e sem sorte
de vendavais e impropérios consentirem
por aqui a ganância cospe no prato vazio
numa mesa de pão esfarelado em migalhas
aos ricos é servida a abastança sem fastio
aos pobres é enviada a sorte numa mortalha
uma horda de matadores aclama o seu deus
que transita em atos de baixa estirpe louvados
aos que ousam contrariar a insânia do fariseu
é apontada a mira dos canhões consternados
a miséria tomou conta do país por inteiro
em forma de receitas que abonam o estado
tiranos maltratam a terra e as colheitas
em nome da soberba de um falso mercado
é tempo de escolhermos quem nos representa
em nome da vida e da esperança desejada
amadurecer a nossa alma firme e atenta
seguir o caminho da natureza sublimada