AMOR PURO

Eu pergunto para todos nós qual é a nossa obsessão por finais felizes

E o porquê de todos sentirem por isso uma necessidade

Me pergunto como alguns humanos se preparam e planejam tão bem suas diretrizes

Enquanto eu nem sequer consigo escolher o que quero de verdade

Eu vou ter que fazer a limpa na cabeça, existe muito navio atolado por aqui

Na areia, e sem que eu perceba, já está criando vegetação

Um desempregado não tem lugar de fala, eu já percebi

Só não precisam fingir que se importam com a minha opinião

Eu não faço questão de gritar aos outros que estou aqui, quando tudo o que eu quero é ir embora

Agora é ir embora pra sempre

Embora desse lugar, e quando eu me cansar do novo lugar, eu irei novamente, afora

Vou atrás de adrenalina, que me fascina, desde o ventre

E por mais que eu queira me organizar, não importa o quanto tente

Eu me perco facilmente no azul do céu, no verde da paisagem

Na pequena joaninha que voa entre os dedos

Eu corro pra qualquer detalhe que me traga alívio, na gota d'água

Que cai, em últimas quantidades

E formigas formando pequenas cidades

E teias límpidas e lavadas, sem mágoa

Na noite escura, que reflete meus medos

Que vivem ocos, sem forma, sem bagagem

Indefinidamente

Algum dia serei feliz sem que dúvidas e confusões me cerquem

Mas enquanto eu ainda estou sendo reconstruída

Esconda os meus olhos, para que eu não peque

E novamente enxergarei quando for limpa

Eu procuro por pessoas gentis e sensíveis aos detalhes, que saibam refrear a sua língua

Que sorriem pelas coisas mais sutis e que não vivam na disputa

E que ninguém tenha que suportar a minha míngua

Pelos problemas, mas que eu lide com eles como uma mulher madura, adulta

Eu quero viver e viver sem culpa, eu vou largar o que não preciso carregar

E, seja tristeza ou seja alegria, seja em pé ou na lama

Eu ainda verei a chuva e o mundo a me desenganar

Refletindo o meu estado de paralisada, enquanto bate na grama

Eu quero mais é que destruam a âncora que prende o meu navio

Para que eu seja livre, e pra que novamente, como criança, eu veja o mundo de forma genuinamente pura

Que quebrem os portos aos quais eu posso aportar, porque eu quero ser vagante

E que os faróis não me localizem, e nem me mandem sinais ou ajuda

Não desejo proteção nem nada muito a mais do que a minha missão

Pois que até os mexilhões do mar possuem sua função

(Muito útil, por sinal), eu farei o que puder e não serei muda

Eu espero que possa ver ainda muitas coisas, mas se eu apenas puder seguir adiante

Eu estarei feliz, se estiver inteira, pura, sem mácula ou rachadura

Eu tive minha vida numa corda bamba, eu tive minha vida por um fio

"Mesmo que eu não tenha consolo alheio, eu não preciso mais, não gosto

Porque eu sou um navio que gosta de lidar sozinho com problemas"

E se essa visão me aproxima um pouco da liberdade tirada pelo caminho torto

Talvez eu faça dela uma realidade pra lidar com dores emocionais extremas

Eu vou procurar pelo que me transcende, não pelo que me corrompe

Mas eu preciso ter meus olhos limpos mais uma vez, pra não olhar com maldade para o incorruptível

Ver esse mundo com olho puro, pois ele tem a beleza que de forma alguma se rompe

As árvores, o céu, o mar, borboletas, pessoas, e tudo o que não pode ser corruptível

Pelos meus olhos nem pelos de ninguém, amar puramente, amar apenas, amar

As pessoas, a árvore, o arco-íris, a aurora, o céu, a grama, o beija-flor, a alvorada

Que eu possa amar tudo o que eu fui feita para, mesmo sem nada ganhar

Porque nós nascemos para amar, e sem isso, não nos resta nada

E por mais que eu queira me organizar, não importa o quanto tente

Eu me perco facilmente no azul do céu, no verde da paisagem

Na pequena joaninha que voa entre os dedos

Eu corro pra qualquer detalhe que me traga alívio, na gota d'água

Que cai, em últimas quantidades

E formigas formando pequenas cidades

E teias límpidas e lavadas, sem mágoa

Na noite escura, que reflete meus medos

Que vivem ocos, sem forma, sem bagagem

Indefinidamente

Natalia L A
Enviado por Natalia L A em 14/09/2021
Reeditado em 04/11/2021
Código do texto: T7342224
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