AVULSO 12
“O PODER DA POESIA”
Bailam as Musas à volta da imaginação,
Que o digam os poetas no seu ministério
Ao som da Lira e da sua própria inspiração,
Bailam as Musas retocando o fiel saltério…
Regurgitam os poetas na sua pequenez
Ao ritmo do seu cálamo, e na insignificância
De um valor sempre novo, com larga fluidez,
Fraco ou forte, numa arte poética de militância…
Poetas que me escutais, são vossas as palavras
Que, em seu ventre, s´ acham prenhes de magia:
Tratai-as bem e lapidai-as, pois, são bravas
E ingénuas, mas são a essência da Poesia!
O espectro da Poesia é o género dum horizonte
Que abarca, de per si, a extensa Alma-Mater
Sempre pronta a gerar, na limpidez da fonte,
Poema a poema, verso a verso, em seu carácter…
A Poesia alimenta a fome de todos nós,
Que nenhuma outra prosperidade pode saciar…
Ela reforça bem e consola a nossa voz
E, para o louco mundo, é Luz a cintilar.
Porque motivo se dará atenção a Drummond,
A Bandeira, a Lispector, a Bilac e a Pessoa;
A Coralina, Pascoaes, Sena, e culta Amanda
E, porque não, a Whitman e a Sophia Anderson?
Alta Poesia em todos eles, e muitos mais,
Alta emoção, inspiração e sensibilidade,
Revelaram os pergaminhos tradicionais
Instalando, lá , um Parnaso de qualidade…
E porque a Arte nos salva da insanidade,
Virá um dia em que o Mundo se salvará
P´ lo poder da Poesia e da sua Verdade,
Ela que, em seu testemunho, nunca mentirá!
Cantai poetas, jograis, trovadores e entoai
Vossas baladas, epopeias, e odes sem fim;
E gritai, vós todos, aos quatro ventos, gritai
Para que a Terra se transforme num jardim!
Frassino Machado
In INSTÂNCIAS DE MIM / Janelas da Alma