PARA ALÉM
Para além das espessas grades,
Para além dos altivos muros,
Para além dos inesperados obstáculos,
Para além dos trânsitos e congestionamentos,
Está um céu azul de claras nuvens
E os raios solares esparsos por toda parte
Como um prisma a colorir toda a terra.
Para além dos prédios colossais,
Para além das multidões alvoroçadas
No seu ir e vir repleto de inquietude e pressa,
Para além dos labirintos
Das grandes cidades e metrópoles,
Vive um céu estrelado e um horizonte de luar
Velando a noite de inúmeros mistérios.
Para além das misérias sociais
E da agitação dos homens de negócios,
Para além dos falatórios do mundo moderno
E das especulações do mundo das finanças,
Reina um horizonte bordado pelo verde
Das colinas e das montanhas
Nas belas manhãs despertas
Pelo sol, pelo som dos seres alados
E pelo vento mais fresco e suave.
Para além das ilusões da vida social,
Para além das atraentes fachadas
De sofisticação, requinte e orgulho,
Está o amor mais perfeito, singelo e soberano
Nos corações abertos
Às grandes empreitadas da vida,
Um amor que contorna como as águas do rio
As pedras pontiagudas das mazelas,
No seu curso sereno, pacífico e melodioso.
Para além das divisões étnicas e raciais,
Para além dos abismos ideológicos,
Para além dos ferros das maldições,
Existe uma admirável concórdia
E uma comunhão de seres que rasgam
Os véus de suas próprias limitações egóicas,
Movendo as almas para uma rica jornada
Da compreensão do outro no seu mistério.
Para além dos temores que tiram o brilho de viver,
Para além do tédio, do niilismo e da descrença
Que amargam a doçura do ser,
Há uma chama de fé e de esperança
Que incendeia aquela coragem indomável da alma
Para a via única de um grande destino
E para uma inabalável razão de viver.