VAGANTE

Os céus lindamente se escurecem com o entardecer

As horas passam como minha juventude

Nessa época ou em qualquer época que eu viver

Eu fugirei de aceitar essa cidade

Esquecida e simplória

Eu sou vagante, e eu vagarei, vagarei para o distante

Eu passarei pelos viadutos mais longínquos

E pelas ciclovias e pelos mangues

Olhando com os meus olhos famintos

O que esse País não conta em sua história

Brincando com os anos, totalmente perdida

Sem horários, sem regras, na calma

Meu quarto desordenado é o reflexo da minha vida

E isso não me incomoda, pelo contrário, me acalma

E, como de costume inevitável 

Ignoro as opiniões alheias e as reclamações

Eu procuro pelo cheiro do mato e da tempestade

Eu sou quem vira as costas primeiro para irritadas multidões

Eu amo ter a eterna irresponsabilidade

De nunca ser responsável

Voando ao vento a cor chocolate dos fios de cabelo cacheados

Algum dia, como um Pavão suas penas exibe

Vagarei e assim, só assim, serei livre

Para nunca mais ficar no parado

Procurarei a mais alta Glória

Que o meu País ferido possui, além de suas belezas naturais

Além de Fernando de Noronha, Ilhabela, Bonito, em Minas Gerais

Quero presenteá-lo com a mais alta conquista

No meu desespero de ufanista

Concedê-lo a mais suprema vitória

Eu aguardo a liberdade como quem aguarda absolvição

Olhando pela janela do meu quarto, torço para que algo supra o tédio eterno dos meus dias

Novidades, novas melodias, e não as mesmas melancolias

Tragam para mim o que não vivi no último verão

Tragam o dia friorento das grandes altitudes

E tragam com ele a mais pura sinceridade

Que revele que, nessa vida de dura jornada

Eu queria ser aquele que não precisa fazer absolutamente nada

Sozinha pela estrada, e perdida de sua idade

As horas passam como minha juventude

Natalia L A
Enviado por Natalia L A em 03/07/2021
Reeditado em 14/09/2021
Código do texto: T7292089
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