CHUVA DE LÁGRIMAS
CHUVA DE LÁGRIMAS
O céu encoberto por nuvem escura,
Chuva perene dando vida ao Sertão.
E eu cavando naquele úmido chão,
Sentindo no peito amor em candura.
E como valente e bom nordestino,
Trabalhava numa terra auspiciosa,
Onde a semente nascia frondosa,
Dando ao Sertão um belo destino.
A chuva, do céu chegava formosa,
E como cachoeira linda a correr,
Dava a certeza de plantar e colher
Frutos gigantes da terra airosa.
Mas acordei e vi, estive a sonhar,
Senti a pele toda coberta de suor,
A boca seca, na garganta um nó,
Vi o meu filho que estava a chorar.
Seria tão bom, este é meu desejo,
Ver o Sertão por chuva encoberto,
Não um torrão de poeira, deserto,
Que tanto oprime o povo sertanejo.
Se a água pedida não quer chegar,
Encharco de lágrimas o duro chão.
Passou o inverno, chegou o verão,
Não veio a chuva pro gado salvar.
A plantação morre, não nasce nada.
O meu filho sofre, não pode sorrir.
Pior dor que o homem pode sentir,
É ver o gado com sede em ossada.
A vida é assim, só devemos rezar
E pedir ao Senhor que faça chover,
Para que o sertanejo pare de sofrer
No duro chão que o sol quer matar.
Bira Galego