CHUVA DE LÁGRIMAS

CHUVA DE LÁGRIMAS

O céu encoberto por nuvem escura,

Chuva perene dando vida ao Sertão.

E eu cavando naquele úmido chão,

Sentindo no peito amor em candura.

E como valente e bom nordestino,

Trabalhava numa terra auspiciosa,

Onde a semente nascia frondosa,

Dando ao Sertão um belo destino.

A chuva, do céu chegava formosa,

E como cachoeira linda a correr,

Dava a certeza de plantar e colher

Frutos gigantes da terra airosa.

Mas acordei e vi, estive a sonhar,

Senti a pele toda coberta de suor,

A boca seca, na garganta um nó,

Vi o meu filho que estava a chorar.

Seria tão bom, este é meu desejo,

Ver o Sertão por chuva encoberto,

Não um torrão de poeira, deserto,

Que tanto oprime o povo sertanejo.

Se a água pedida não quer chegar,

Encharco de lágrimas o duro chão.

Passou o inverno, chegou o verão,

Não veio a chuva pro gado salvar.

A plantação morre, não nasce nada.

O meu filho sofre, não pode sorrir.

Pior dor que o homem pode sentir,

É ver o gado com sede em ossada.

A vida é assim, só devemos rezar

E pedir ao Senhor que faça chover,

Para que o sertanejo pare de sofrer

No duro chão que o sol quer matar.

Bira Galego

Bira Galego
Enviado por Bira Galego em 10/06/2021
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