Réu
Abriu os olhos,
Ao ritual de seu dia a dia.
Ajoelhou.
Agradeceu aos céus,
Mesmo provando o féu,
Vítima inocente,
Sentado no banco do réu.
Só quer provar do mel,
Ver o que encobre o véu,
Mostrar que é um vencedor,
Subir ao pódio,
Erguer o troféu.
É arrastado pelas responsabilidades,
Caso contrário não há pão na mesa,
Pega o ônibus lotado,
Sempre atrasado,
Nenhuma surpresa.
Seu Pelourinho são baías,
Repletas de cadeiras e mesas.
E a chibata vem na forma de fala,
Rasga sem delicadeza.
Capitão do Mato,
Reverência ao sistema.
Por tempo foi açoitado,
Hoje,
Quer ser reverenciado,
Ameaça,
E resolve o problema.
Humilha e fere a alma,
Perseguição notória,
Ser forte é ter destreza.
Tenta manter sua calma,
Contam uma outra história,
Poder se põe à mesa.
Estuda para escapar do destino,
Conhecimento não ajuda.
Deve ser kharma,
Praga de Severino,
Trabalho feito,
Algo parecido.
Pede desculpa,
Perdão pelo que?
Chora calado,
Sem ser percebido.
Onde estão os seus orixás?
Rezou a Tupã,
Pediu a Alá,
Orou para Jesus,
Usou patuás,
À Shiva ofertou,
E com Siddartha Gautama foi meditar.
Se ainda está vivo,
Não parou de lutar,
Nem ao menos de acreditar.
Que algo de bom,
Poderá encontrar.
Esperança recria,
Quando o chão o joelho encontrar,
E as mãos se unem à orar,
Fé que um dia Deus vai ouvir,
E sua vida irá prosperar.