Sacrifícios
Todas as partículas de dor
formam holocausto
naquele homem magérrimo
de olhar apagado
por trás das grades
do campo de concentração
Tudo que aconteceu e acontece me atinge
como aquela criança negra ou branca
desfalecida de fome
de qualquer país pobre
Como também
aqueles miseráveis
que ninguém ousa aproximar
da sua sombra
por causa da sua casta
Toda dor que cada alma expele
neste planeta como flechas
trespassa meu ser
(Não temos o dever de existir,
Mas o direito? )
como o sofrer daquela mulher
apedrejada
por mostrar seu rosto
e querer estudar
Igual aquele homem
de mãos atadas
e de faca teve
a cabeça cortada
Também sou alvejado
pelo dilema daquele homem
que nasceu em corpo de mulher
e daquela mulher que nasceu
em corpo de homem
E aquela família
sem pátria amada
que nos países ricos entra
para ter pão e lá
ficam sem seus filhos
Doi como aquele ladrão
pregado na cruz
e consolado
por seu irmão de luz
outro crucificado
que prometeu
porque é amado
que nos espera o Pai
decerto
com os braços abertos
O que se sente ser
e o que somos em todos
no entendimento
do meu vitalismo metafísico
é a Terra sendo santificada
constantemente
pelo preço da vida de todos.
Jó Bezerra