Sacrifícios

Todas as partículas de dor

formam holocausto

naquele homem magérrimo

de olhar apagado

por trás das grades

do campo de concentração

Tudo que aconteceu e acontece me atinge

como aquela criança negra ou branca

desfalecida de fome

de qualquer país pobre

Como também

aqueles miseráveis

que ninguém ousa aproximar

da sua sombra

por causa da sua casta

Toda dor que cada alma expele

neste planeta como flechas

trespassa meu ser

(Não temos o dever de existir,

Mas o direito? )

como o sofrer daquela mulher

apedrejada

por mostrar seu rosto

e querer estudar

Igual aquele homem

de mãos atadas

e de faca teve

a cabeça cortada

Também sou alvejado

pelo dilema daquele homem

que nasceu em corpo de mulher

e daquela mulher que nasceu

em corpo de homem

E aquela família

sem pátria amada

que nos países ricos entra

para ter pão e lá

ficam sem seus filhos

Doi como aquele ladrão

pregado na cruz

e consolado

por seu irmão de luz

outro crucificado

que prometeu

porque é amado

que nos espera o Pai

decerto

com os braços abertos

O que se sente ser

e o que somos em todos

no entendimento

do meu vitalismo metafísico

é a Terra sendo santificada

constantemente

pelo preço da vida de todos.

Jó Bezerra

Célio Bezerra
Enviado por Célio Bezerra em 20/04/2021
Código do texto: T7236960
Classificação de conteúdo: seguro