CAIS

Um rebuliço tomou conta do meu peito
Tornando tudo nebuloso em minha volta
Bagunçado o meu coração
Enchendo-me de sentimentos vazios
Cheios de dúvidas
Os quais me atormentam
Em noites enluaradas.

Tal como um mar revolto
Em dias de ressaca
Fica minha alma
Sem brilho
Sem cor
E em meio a dor
Esqueço-me quem sou
De onde vim
E para onde vou.

Perdido em meio a essa selva
De pensamentos cruéis
Não vejo saída
Nem mesmo um resquício de luz
Sinto apenas o vento cortante
Da nebulosa noite fria
Que me acolhe sem piedade.

Sem mais esperanças em meu fôlego
Cerro meus olhos
Calando meus lábios
Já fatigados de clamar.

E quando tudo parece perdido
Sinto sua mão a me segurar, firme
Resgatando-me de mim mesmo
Em meio as ondas
Embriagadas pelo desespero.

Você me acolhe
Sendo cais
Sendo abrigo
Sendo amigo
E em meio a escuridão
Eu vejo o raiar do sol
Entre as rachaduras em meu peito.

Um novo dia em mim amanhece
Trazendo-me uma esperança furtiva
Abro as janelas e permito que a luz
Encha os meus pulmões
Reaprendo a respirar
Já posso navegar outra uma vez.
Xícaras de Prosa
Enviado por Xícaras de Prosa em 14/04/2021
Reeditado em 14/04/2021
Código do texto: T7231704
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