Uma longa e sinuosa temporada na UTI

Sete meses em um leito de UTI.

Tempo para quase nenhum médico ou amigo acreditar que de lá eu ainda iria sair.

Depois eu descobri que bradavam aos quatro cantos que eu não passava de um “caso perdido”...

Mal sabiam eles que minha família, meus amigos, e meu Deus continuariam comigo.

Minha mãe estava lá, postada ao lado do meu leito, junto aos meus nobres amigos, colando fotos nossas pelo quarto, cantando, e só energias boas propagando.

Teve até um amigo meu que tentou lá estar quando as visitas ao hospital estavam restritas.

Ele simplesmente se vestiu de doutor para me ver...empreitada nobre, mas mal sucedida.

O tal “caso perdido” sabia que para Deus esse termo não existe quando ele está comigo, meu mais sagrado abrigo.

Durante sete meses em coma, eu simplesmente não senti o tempo passar, acordei só no dia que iria sair de lá.

O detalhe é que eu não mexi um músculo, não disse uma palavra durante todo o tempo em que eu lá estava.

A não ser no último dia... e eis que Deus se prova infinito mais uma vez e mostra que proteger seus filhos é pura primazia.

É, amado leitor, eis que, sete meses depois, eu começo a mexer a mão... e o quarto de UTI, é claro, entra em polvorosa.

Não foi o bastante...de repente minha boca começa a balbuciar sílabas, que se tornaram palavras, e eis que Deus intercede novamente, e eu começo a cantar!

“É preciso amar as pessoas como se não houvesse amanhã” foram as primeiras palavras claras que os doutores me ouviram falar.

Sabe, “Pais e Filhos” sempre foi um hino para mim.

Pela minha fé, pela minha família e pela minha vida, só até depois do fim.

Paulo Orlando Iazzetti
Enviado por Paulo Orlando Iazzetti em 01/04/2021
Reeditado em 01/04/2021
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