A LONGA CONFINAÇÃO

“Babilónia nunca mais!”

Nunca, como hoje, existiu tal Confinação

Para os corpos, para as vidas e para as mentes,

Para as pessoas, para as coisas e para as gentes,

Para as causas, em si…, mas pra Poesia não,

Que as almas órfãs, essas sim, estão doentes…

Estão doentes, porque o mundo é mesmo assim

E a sorte que nos toca é sabermos dum oásis

Chamado Poesia, com arroubos eficazes

Pra revelar às almas o seu manjar-festim

E um lauto repousar das taras contumazes.

Exílios e silêncios vivem na memória

Dos que fizeram a travessia do deserto

Sem matarem a sede do ardente desconcerto

Deixando fundos sulcos p´ la árida história

Sem qu´ um salvífico êxodo brilhasse perto…

Babilónia, oh tu, Babilónia ancestral,

Que mitigaste as dores da nossa hombridade

Enxuga para sempre as lágrimas-verdade

Para que se não cale a lira natural

E faz-nos embalar no canto da Saudade.

Nas margens deste rio, que corre confinado

Por entre brumas que não deixam ver o mar,

As vozes do Destino queremos escutar:

“Nunca mais Babilónia, teu jugo escravizado

Impeça qu´ outro Ciro nos volte a libertar!”

Qu´ as grades desta infausta e vil Confinação

Sejam quebradas pra qu´ o sol volte a sorrir

E qu´ as crianças e nós, voltemos a sentir

A força indomável da esp´ rança e da paixão

P´ lo brilho duma LUZ que há-de refulgir.

Mas que essa Luz se não transforme em Pasárgada –

Naquela panaceia que não passa de utopia –

Antes, porém, num lugar ideal de Poesia

Que nos torne felizes, numa terra abençoada

Onde o Viver Humano nunca seja fantasia!

Frassino Machado

In ODISSEIA DA ALMA

FRASSINO MACHADO
Enviado por FRASSINO MACHADO em 14/03/2021
Reeditado em 14/03/2021
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