A LONGA CONFINAÇÃO
“Babilónia nunca mais!”
Nunca, como hoje, existiu tal Confinação
Para os corpos, para as vidas e para as mentes,
Para as pessoas, para as coisas e para as gentes,
Para as causas, em si…, mas pra Poesia não,
Que as almas órfãs, essas sim, estão doentes…
Estão doentes, porque o mundo é mesmo assim
E a sorte que nos toca é sabermos dum oásis
Chamado Poesia, com arroubos eficazes
Pra revelar às almas o seu manjar-festim
E um lauto repousar das taras contumazes.
Exílios e silêncios vivem na memória
Dos que fizeram a travessia do deserto
Sem matarem a sede do ardente desconcerto
Deixando fundos sulcos p´ la árida história
Sem qu´ um salvífico êxodo brilhasse perto…
Babilónia, oh tu, Babilónia ancestral,
Que mitigaste as dores da nossa hombridade
Enxuga para sempre as lágrimas-verdade
Para que se não cale a lira natural
E faz-nos embalar no canto da Saudade.
Nas margens deste rio, que corre confinado
Por entre brumas que não deixam ver o mar,
As vozes do Destino queremos escutar:
“Nunca mais Babilónia, teu jugo escravizado
Impeça qu´ outro Ciro nos volte a libertar!”
Qu´ as grades desta infausta e vil Confinação
Sejam quebradas pra qu´ o sol volte a sorrir
E qu´ as crianças e nós, voltemos a sentir
A força indomável da esp´ rança e da paixão
P´ lo brilho duma LUZ que há-de refulgir.
Mas que essa Luz se não transforme em Pasárgada –
Naquela panaceia que não passa de utopia –
Antes, porém, num lugar ideal de Poesia
Que nos torne felizes, numa terra abençoada
Onde o Viver Humano nunca seja fantasia!
Frassino Machado
In ODISSEIA DA ALMA