SUSPIROS DE UMA SAUDADE

SUSPIROS DE UMA SAUDADE

Carlos Roberto Martins de Souza

A imagem traz consigo uma verdade

Muitos aqui a tratam como grotão

Dentro dela mora uma saudade

Estas fotos maltratam o coração

Como um fantasma que se refugia

Na solidão da natureza morta

Por trás desta bela queda um dia

Eu fui refugiar-me à tua porta!

De longe eu avistei a cortina branca

Bordada na queda da água caindo

Dos meus olhos velhos caiu a tranca

Me vi na porteira em prantos pedindo

Por favor preservem esta beleza

Não maltrate este rico e belo chão

Cuidem bem desta elegante princesa

Soberana senhora deste nosso rincão

Conheci desde criança esta nobreza

Cartão postal do meu saudoso Bueno

Figura marcante imponente natureza

Deste lugar tão distante tão pequeno

Da última vez que visitei esta terra

Fiquei deslumbrado foi muito feliz

Lá da curva da estrada vi a serra

Onde a água era a elegante matiz

Fazia frio e o frio que fazia no dia

Não era esse que a carne suporta

Cortava como uma força arredia

Que o aço da faca incisiva corta!

A saudade é uma dura comparsa

Maltrata machuca deixa lesões

Sem querer nenhuma recompensa

Ingrata ela mexe com as emoções

Vieste ver e zombar minha desgraça

E eu saí como quem tudo repele

Levando apenas na tumba carcaça

O pergaminho singular da pele

Velho caixão a carregar destroços

De um forasteiro viajante saudoso

E o chocalhar fatídico dos ossos

De agora um triste turista choroso

Um dia volto neste pedaço de terra

Matar minha saudade ter alegria

Deitar bem embaixo ao pé da serra

Mergulhar minha alma na água fria

Serei grato ao bom e querido Deus

Se me reservar este grande momento

Farei um ritual de culto de adeus

Não sei se terá o novo acontecimento

Carlos RMS
Enviado por Carlos RMS em 28/02/2021
Código do texto: T7195231
Classificação de conteúdo: seguro