Tempo de pandemia

Assobio do tempo  

Que leva ao encontro passageiro 

Do cantar, caminhar na vertigem 

A espera dos grãos 

Que aos poucos se soltam das mãos 

Indo de uma escala decrescente de valores

Vagando na mercê do poder

No agito do ser 

Que em sua riqueza de ilusões só tem a calmaria do aguardo

No tempo 

No até chegar 

Na esperança que logo vai passar

No contar corriqueiro de cada dia

Que algumas vezes se alterna em esperança e melancolia 

No intuito de ver  o sol raiar

No arisco nevoeiro dando passagem a uma luz

Que se reacende no leito do chão 

Sem ter cara de pavão 

Espelho grandioso ainda resplandece o viver

Embora tentaram borrar a história do tempo 

Persiste viver e desabrochar num jardim 

Perfumado de flores