Sobre jamais desistir.
Tem horas que a vida da gente
Parece planta que não quer crescer
Não quer beber água
Não quer tomar Sol
Não quer mais nada e nem ninguém
Tem horas que a vida da gente
É semente que não mais germina
Não quer germinar
Ela é vida ainda, mas não faz questão
Tem dias que ela é apenas uma coisa à tôa
Uma pluma que flutua ao vento
Tem momentos em que a ausência é tudo
Que o zunido da flecha
E que a pecha de ser desistente
Em meio ao campo de batalha
A falha em nunca mais querer buscar coragem
Em que a imagem do escudo posto ao chão
Parece ecoar como boa também
Tem coisas que enfraquecem a alma
Não tem terço, reza, prece ou oração
Não tem mais começo, recomeço ou preço
Não tem nada e nem ninguém
É só vida sem vida
Se é do pó que viemos
Um lugar que é sem chuva e sem Sol
Tem horas que o espírito da gente
Convida todo o resto
Daquilo que resta da gente ainda, a voltar lá
Sim, essa vida da gente tem horas assim
Em que a gente precisa viver sem vontade
Sem coragem, sem revolta, sem se rebelar
Mas a gente se rebela mesmo assim
Se desenterra e reinventa e se levanta
E mesmo sem vontade
A gente luta e luta e luta de verdade
Se a coragem se foi
A gente luta usando aquilo que se lembra dela
Sua imagem vaga
Pois um dia ela volta, a gente espera
E mesmo se ela não voltar
A gente finge e range os dentes...se esperneia
e luta e luta mesmo e de verdade
Há tanta gente que deseja tanto ver a gente assim
No entanto
A vontade alheia que se apressa
Essa não me atinge em cheio
Me joga ao chão, me parte ao meio
E mesmo assim eu me levanto
Pra eles, decepção
Esse dia não é hoje, ainda não.
Edson Ricardo Paiva.