RODRIGUES DE ABREU VOLTOU... 08h18min.
VI-TE, SENHOR!
Eu não pude ver-Te, meu Senhor,
Nos bem aventurados do mundo,
Como aquele homem humilde e crente do conto de Tolstoi.
Nunca pude enxergar
As Tuas mãos suaves e misericordiosas,
Onde gemiam as dores e as misérias da Terra;
E a verdade, Senhor,
E que Te achavas, como ainda Te encontras,
Nos caminhos mais rudes e espinhosos,
Consolando os aflitos e os desesperados...
Estás no templo de todas as religiões,
Onde busquem Teus carinhos
As almas sofredoras,
Confundindo os que lançam o veneno do ódio em Teu nome,
Trazendo a visão doce do Céu
Para o olhar angustioso de todas as esperanças...
Estás na direção dos homens,
Em todos os caminhos de suas atividades terrestres,
Sem que eles se apercebam
De Tua palavra silenciosa e renovadora,
De Tua assistência invisível e poderosa,
Cheia de piedade para com nossas fraquezas.
Entretanto,
Eu era também cegonho meio dos vermes vibráteis que são os homens,
E não Te encontrava pelos caminhos ásperos...
Mocidade, alegria, sonho e amor,
Inquietação ambiciosa de vencer,
E a minha vida rolava no declive de todas a ânsias...
Chamaste-me, porém,
Com a mansidão de tua misericórdia infinita.
Não disseste o meu nome para não me ofender;
Chamaste-me sem exclamações lamentosas,
Com o verbo silencioso de Teu amor,
E antes que a morte coroasse a Tua magnanimidade para comigo,
Vi que chegavas devagarinho,
Iluminando o santuário do meu pensamento
Com a Tua luz de todos os séculos!
Falaste-me com a Tua linguagem do Sermão da Montanha,
Multiplicaste o pão das minhas alegrias
E abriste-me o Céu, que a Terra fechara dentro de minhalma...
E entendi-Te, Senhor,
Nas Tuas maravilhas da beleza,
Curando-me com a dor.
RODRIGUES DE ABREU
Poeta nascido em Capivari (SP, em 17 de setembro de 1899, e desencarnado, tuberculoso, em Campos do Jordão, aos 24 de novembro de 1927.
Publicou Casa Destelhada, Noturnos e Sala dos passos perdidos, além de inúmeros trabalhos esparsos na imprensa de seu estado.
Foi Cognominado – o poeta tristes das rimas róseas. Dados da FEB.
Adendos nossos.
Este poeta paulistano, viveu tão somente 38 anos, porém, deixou com seus emotivos versos a marca de sua presença. Neste fantástico livro de Francisco Cândido Xavier, (1910-2002) Parnaso de Além Túmulo, este poeta escreveu duas poesias, longas, até, porém, de um ótimo conteúdo doutrinário...
Foi o primeiro livro psicografado, pelo sensitivo, isto em 1932, quando ele tinha tão somente 22 anos, e, por vários motivos, tinha tão somente o curso primário, isto, foi de grande valia, numa prova inequívoca que os “mortos” podem voltar a “falar” e a escrever, desde que haja uma sintonia vibratória, há os creem, e outros não, mas independente disto, terão suas próprias experiencias... 19h12min.
Curitiba, 23 de janeiro de 2021 – Reflexões do Cotidiano – Saul
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