CIDADE GRANDE
Ao abrirem-se as cortinas do dia,
já está em andamento a apresentação
dos espetáculos das grandes cidades.
De madrugada já começa na periferia
agonia e correria a busca da condução.
Já se manifestam fortes desigualdades.
O pobre viaja nos ônibus todo apertado,
enquanto alguns espreguiçam na cama.
Idosos em grupos fazem sua caminhada,
mas o trânsito vai ficando congestionado.
Diferenças gritantes, o país está na lama.
Mas nas academias a turma privilegiada.
A poluição muito mal nos deixa respirar,
dando saudade daquelas cidadezinhas
com ar puro, céu azul e tranqüilidade.
O céu cinzento parece até nos sufocar.
Transporte já deficitário em todas linhas.
O quadro é tenebroso na grande cidade.
Ah! Mas ontem eu vi na praça a idosa,
distraída e feliz com o bale das carpas,
naquele pequeno lago cercado de flores.
Vi que mesmo desigual, agitada e nervosa,
a tal cidade, sob guarda-chuvas e capas,
esconde seres de todas as raças e cores.
São vidas que seus sentimentos palpitam.
Namoros na porta da escola ou no salão.
Hospitais onde uns morrem, outros nascem.
São só adrenalina que a todos nós agitam,
preenchendo qualquer vazio com emoção
e provando que nesta cidade se vive também !
SP. 30/10/07
Fernando Alberto Salinas Couto