A UTOPIA DA ESPERANÇA

A UTOPIA DA ESPERANÇA I

“Ao desenvolvimento

De alternativa”

O humano mundo vai pairando em desacerto

Num desenvolvimento vil insustentável

Que o feroz Capital de forma incontrolável

Mantém rigidamente em angustioso aperto.

Na paisagem social a marca é bem visível

Grassa a desigualdade sempre em desconcerto

E o fiel da balança mostra a descoberto

Que a tirania da riqueza é infalível…

Progresso e mais progresso é a utópica bandeira

Fazendo jus à panaceia cerebral

Pela benta economia, dita de mercado,

E o que se vê? Envolta numa real poeira

E numa autêntica escravatura social,

O mesmo Capital tornar-se um potentado.

A alma das Nações, qual pomba engaiolada,

Sonha um dia romper a triste realidade

E gozar finalmente a sua liberdade.

Mas tal Esperança não estará hipotecada?

Se os Núcleos Sociais gerarem autenticidade

Eis aqui a Utopia agora revelada!

Frassino Machado

In JANELAS DA ALMA

*

A UTOPIA DA ESPERANÇA II

“O que fazer?”

O mito da “mais-valia”

É a arma do Capital

Tem nele a sua energia

E também a garantia

Do lucro primordial.

Arrastados pelo vento

Da nefasta servidão

Faz-se fé no crescimento

Com todo o deslumbramento

Da abjecta exploração.

O trabalho pouco importa

É uma questão trivial

Quem o tem tudo suporta

E até o empresário exorta

Para um salário banal.

Vai-se à feira ou ao mercado

Com oferta sempre à mão

Há consumo assegurado

E se não houver cuidado

Só se vê especulação.

Leve três e pague dois

Com dinheiro ou com cartão

Se não tiver pague depois

Durma bem entre lençóis

E não passe restrição.

Os bancos são bons amigos,

Com distinção, sem usura,

Livrá-lo-á dos perigos

E de fingidos abrigos

Com acrescento e lisura.

Haja esperança no amanhã

Boa escola e melhor saúde

Se houver crise se verá

Há-de haver sempre um maná

Com qualidade e virtude.

Ponha de lado a chantagem

Sem peias e trocadilhos

Cumpra sem medo a viagem

Com garantida passagem

De bons pais para bons filhos.

Ai, viandante da vida

Desta saga tão inglória,

Nesta utopia sentida

Sem condição nem saída

Não há esperança nem história.

Mas, neste quadro falsário,

Inda é possível sonhar

Num horizonte primário

Há um caminhar solidário

Para a alma despertar!

Frassino Machado

In JANELAS DA ALMA

FRASSINO MACHADO
Enviado por FRASSINO MACHADO em 18/01/2021
Código do texto: T7162310
Classificação de conteúdo: seguro