Nadando em mim mesma
Por @andreaagnus
Levo comigo uma convicção da alma:
Tenho mais medo de deixar de ser
Do que de morrer!
Isso me faz ter pressa de terminar a obra.
Ser inacabado pode cair no vazio
O não-ente da angústia
Esse filho das dores do espírito
Um bastardo acolhido em desvario
Uma onda de quase morte
De tão forte, inunda a vida
Afogando-me em mim mesma
Tomo forma em braçadas fortes
Me reergo. Busco ar.
Oxigeno-me de poesia
Poesia translúcida, gutural
Ruge do próprio coração.
Paro. Estou na superfície.
Retomo a mim mesma.
Sei quem eu sou:
Um ser aquático... poético.
*Publicado na antologia poética Procura-se a Mulher (2020), com mais 9 autoras.