O Quinze Sacramentado
O QUINZE SACRAMENTADO
REFLETINDO NO CÉU AZULADO
AS CHAMAS DO SOL ARDENTE
AS TERRAS SE ESTREMECEM
MORRENDO SUAS SEMENTES
AS ÁRVORES SE EXIBEM NUAS
NAS VIDAS DE TANTA GENTE.
OS PÉS SE QUEIMAM NO CHÃO
NO CENÁRIO SECO AO VENTO
PELO DESERTO DE ÁGUA VIVA
SEM NENHUM CONTENTAMENTO
SE FECHAM AS PORTAS ALEGRES
DA ORIGEM DE CHICO BENTO.
SEM PÁGINAS ESCRITAS NO LIVRO
COMO VULTOS CASTIGADOS
VELAM POR TRÁS DA SOMBRA
OS SEUS MOMENTOS PASSADOS
E CAMINHAM NA ESTRADA
COM SEUS PASSOS ARRASTADOS.
AO LADO DOS CINCO FILHOS
E DA MULHER CORDULINA
CHICO BENTO SENTE A DOR
DA DESFIGURADA SINA
PELOS TORRÕES MASCARANDO
A MISÉRIA NORDESTINA.
ENTRE PEDRAS E ESPINHOS
SE ATROPELAM NO INFERNO
JUNTO COM OS RETIRANTES
E SEUS SUFOCOS ETERNOS
POR MOTIVOS DESSAS NUVENS
CINZENTAS E SEM INVERNO.
COMO SE PUDESSEM ARRANCAR
A METADE DO CORAÇÃO
E DA ALMA DESBOTADA
NO OLHAR DA AFLIÇÃO
CAI NA FACE O SOLUÇO
DE QUEM CHORA PELO PÃO.
NOS VALES O SOFRIMENTO
NO TEMPO AS MARCAS PRESAS
NOS TRISTES CORPOS MAGROS
A ESCRAVIDÃO DAS PERDAS
NOS SEUS SORRISOS AMARGOS
AS CINZAS DA NATUREZA.
SEM CANTO, SEM VOZ NOS LÁBIOS
SEM AR PARA RESPIRAR
PERSISTEM NO MELHOR DESTINO
EM BUSCA DE TRIUNFAR
NOS TRAÇOS DE OUTROS LUGARES
SAINDO DO CEARÁ.
RENASCIDOS NA DOUTRINA
DE ALCANÇAR A ESPERANÇA
DESCORTINAM A AURORA
DE LUZIR NA CONTRADANÇA
A DIREÇÃO DE EXISTIR
NESSE MUNDO, NESSA DANÇA.
PROCURANDO HORIZONTES
PARA VOAR NA CIDADE
RASGAM O VÉU DA EMOÇÃO
QUE SE OCULTAM NA SAUDADE
E GUERREIAM POR ASCENSÃO
QUE COMPRE A FELICIDADE.