Que vida penosa...
A pena, em sua leveza,
levada à correnteza,
tende-se para a margem,
e prende-se à folhagem.
Alguém a observa, então,
e lhe dá uma demão.
Safa-se aquela peninha,
de ir parar na biquinha.
Porém, deposta na terra,
é levada ao pico da serra.
Uma ave a conduz ao seu ninho,
para confortar um filhotinho.
Com o tempo, desprende-se dali,
e volta a vagar por aí.
Não se sabe para onde, ao certo,
podendo ser para longe, ou perto.
Há pessoas, por aí, que vivem a vagar,
levadas pelas circunstâncias do dia-a-dia.
No improviso, seguem sem nada planejar,
“dependendo somente da força da ventania”.
Contentando-se com as migalhas que lhes caem ao chão,
nem se preocupam em fazer parte dos que estão à mesa.
Acomodam-se com o pouco que lhe vem à mão,
Mantendo, assim, a chama do comodismo, acesa.