Quadro de Giz
Será que é fácil prever, onde vamos parar?
Quis o filho ao pai perguntar.
Esse distraído ao ler o jornal,
Só queria se informar do futebol.
Mas o adolescente era insistente,
Tanto perguntou que deixou seu pai descontente.
E conseguindo sua atenção,
Voltou a perguntar-lhe então.
Vamos parar na prisão,
Doando nossa casa para o ladrão?
Vamos parar no deserto,
Sem saber o rumo certo?
Ou fico mesmo em casa
E deixo a revista na escada,
Na rua deixo o gatuno a passear
E eu trancado só posso respirar?
Se daqui a pouco eu precisar,
De um pão para me alimentar,
Se continuar com fome
Eu uso o telefone?
O pai então apertou o jornal,
Na folha uma violência brutal.
Percebeu que seu filho não era mais tão criança,
Mas ainda lhe devia esperança.
Disse para o seu filho que não sabia responder,
Mas que nunca mesmo adulto deixaria de crescer.
E se alguém lhe falasse que não seria feliz naquele país,
Que outro ele faria no quadro de giz.