MESMO QUANDO EU NÃO FOR ÚTIL
A vida é efêmera e curta
Distante e crucial
Um dia
Num belo anoitecer
A conta chega
E o que fazer?
Quais são as gotas do oceano
Que você semeou?
Quem foram as pessoas
Que você amou?
A quem valorizou?
Quero viver nesta vida
Amando sem razão
Pra que na intensa partida
Eu encontre uma mão.
Peço-te um favor
Mesmo quando eu for inútil
Mesmo quando eu não conseguir me expressar
Não me retire do meu lar.
Quantas alegrias eu pude te proporcionar
Quantas lutas
Batalhas e vitórias
Quantas conversas.
Não me abandone
Na minha inutilidade
Não me deixe sem amor
Sem abraço
Sem a verdade.
Não me deixe sem luz
Sem a paz
Sem a liberdade
Que eu tanto prezei.
Mesmo que falte beleza
No corpo físico
Em mim há uma alma
Há sentimentos
Há calma
Há lágrimas
Há dor
E há amor.
Não me abandone
Por não haver em mim
O vigor da juventude
A plenitude
Dos dias.
Não me deixe sozinha
Sem ver o mar
A minha escrivaninha
O versejar.
Na minha inutilidade
Me leve pra igreja
Arrume minha vaidade
Me traga a beleza
Do amor.
Não me deixe a esmo na vida
Numa triste partida
Sem afeto
E sem amor
Imploro
Nesses versos quentes
Com a alma ardente
Porque no momento presente
Vejo isso acontecer
Com outro ser