Esperança
Esperança
Então percebi o solo vermelho
Olhei para ti e vi cravado no peito teu
Profunda e dolorosamente um punhal
De teus olhos, vidrados e aflitos
Percorriam vertiginosas lágrimas
Viscosas e rubras
De teu peito que arfava
Expulsara um grito rouco
Louco pela dor que ali jazia
E então viestes a cair
Pálida
E então cavei
Vai tão profundamente
Tão intensamente
Cavei até onde pude
Cavei até que minhas unhas deixassem meus dedos
E ai seus despojos ficaram
Criei um altar
Um recanto onde pudesse encontrar paz
Uma falsa paz
E o tempo foi passando
Do solo rubro nasceu uma flor
Vermelha intensa, tão intensa quanto teu sangue
Chamei de esperança
Então a destruí, pisei e aterrei novamente
Como outrora fizera
Mas a esperança ousava renascer
Por mais que meus esforços fossem o contrário
Dei-me por vencido
Caído, abatido, te agradeci
Olhei aos céus e genuflexo chorei
E nesse templo ainda há a flor mais bela
A esperança, ousada esperança
Que jamais desistirá de mim
Eduardo Benetti