Enquanto vivo, não cedo mais a solidão

Uns entendem a solidão como paz

o momento do debate com o eu

guerreiro enfrentando sua fera voraz

conflito que surge do religioso ao ateu

E vejo tantos seres que lhe anseiam

tudo bem uns momentos com essa dama

suas palavras dóceis nos desnorteiam

mas não se prendam a sua trama

A paz do vazio oferece uma ilusão

faz toda gritaria e confusão se calar

vem gentilmente lhe oferecendo a mão

e aos poucos contigo começa a valsar

E ela sabe como amenizar a dor

é assim que captura suas presas

mas não se iluda, não é amor

é a tática pra abaixar suas defesas

Aos poucos ela vai te minando

lhe enchendo de falsas promessas

já não sonhas, fica apenas murmurando

torna-se mais uma de suas amargas peças

Nós pertencentes a sociedade

somos seres de colaboração

Sumir? As vezes da vontade

mas não fomos feitos pra exclusão

Uma época eu bailei com essa dama

jantei com ela, me perdi em seu drama

flertei com ela, acordei em sua cama

caí em sua conversa, quase fui pra lama

Entendi que no fim todos encontraremos a solidão

então nos meios aproveito cada sensação

vivo, me reúno, faço tudo de coração

enquanto respirar, me prometi, não cedo mais

as malditas ladainhas dessa tentadora solidão

R J Ferreira
Enviado por R J Ferreira em 13/08/2020
Reeditado em 01/11/2020
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