Enquanto vivo, não cedo mais a solidão
Uns entendem a solidão como paz
o momento do debate com o eu
guerreiro enfrentando sua fera voraz
conflito que surge do religioso ao ateu
E vejo tantos seres que lhe anseiam
tudo bem uns momentos com essa dama
suas palavras dóceis nos desnorteiam
mas não se prendam a sua trama
A paz do vazio oferece uma ilusão
faz toda gritaria e confusão se calar
vem gentilmente lhe oferecendo a mão
e aos poucos contigo começa a valsar
E ela sabe como amenizar a dor
é assim que captura suas presas
mas não se iluda, não é amor
é a tática pra abaixar suas defesas
Aos poucos ela vai te minando
lhe enchendo de falsas promessas
já não sonhas, fica apenas murmurando
torna-se mais uma de suas amargas peças
Nós pertencentes a sociedade
somos seres de colaboração
Sumir? As vezes da vontade
mas não fomos feitos pra exclusão
Uma época eu bailei com essa dama
jantei com ela, me perdi em seu drama
flertei com ela, acordei em sua cama
caí em sua conversa, quase fui pra lama
Entendi que no fim todos encontraremos a solidão
então nos meios aproveito cada sensação
vivo, me reúno, faço tudo de coração
enquanto respirar, me prometi, não cedo mais
as malditas ladainhas dessa tentadora solidão