Recomeço

A substância que se deita à terra

É a semente cálida que afunda sob os

Grãos da noite; Tua umidade escorre

Sob minhas paredes escuras, e o ponto

Surdo, prossegue a decair na camada

Mais baixa do ventre letárgico da dor.

Ao fechar os olhos, sinto o pequeno

Ponto debater em meu silêncio

Retorcido; Ele afunda em mim como

Um germe de luz, fazendo a escuridão

Arfar no mais árido cansaço.

Os sons são mais ocos daqui de baixo,

São sutis sopros enérgicos sob o óvulo

Solar que fecunda a mortalidade da carne.

Meus tecidos são agraciados com o leve

Despertar da argila endurecida.

Assisto o parto fosco da gênese da vida.

É a luz que tira o rosto de um desmaio interno.

Relicário de formato inseguro e alumiado; Obscena

Desfigura de pétalas atrofiadas no semblante

Da exaustão; Beleza suja de entulho, que outrora

Ocultara-se nos tecidos da desilusão.

Teu parto escarra as recônditas belezas de uma úlcera,; a feia regeneração é a revolução dos tecidos que saltam sobre o precipício rubro de uma ferida aberta. Oh, forma insegura, nomeio-te imortalidade, a flor mais bela do côncavo e maciço fim e tuas aberturas infindáveis.

Letícia Sales
Enviado por Letícia Sales em 03/08/2020
Reeditado em 03/02/2022
Código do texto: T7025233
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