Metamorfose

O tempo, que se divide e se faz vida,

ao vê-la assim, sem graça, dividida,

sem um porto onde se ancorar,

vai, sem rumo, sem meta, sem saída,

sem chegadas ou partidas,

passo a passo a vagar.

Percebe, em cada tristeza sentida,

que a alegria ficou perdida

nos paradoxos do existir.

Busca forças, procura alguma saída,

como Coralina recriar a vida,

cuidar da raiz, e se renovar, e se sentir.

A vida se faz tempo agora,

sente a chuva, o sol que a face cora,

percebe o caminho, a ânsia de ressurgir.

A cada noite, revive o que foi outrora,

vendo a lua que clareia muito afora

e, pela janela, o quarto de dormir.

Guarda no peito lembranças das primícias,

sente, no rosto, do filho as caricias,

transforma em poema a vida de então.

Dá passos largos, sem dor, sem malícia...

A face revela a beleza e a essência

de quem leva o mundo na palma da mão.

. . . . . . . .. . .. . . .. . . Luisa Garbazza

Luisa Garbazza
Enviado por Luisa Garbazza em 31/07/2020
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