O Ano em que o tempo parou
De repente o tempo estagnou e as casas viraram ostras
Não era mais possível ver o mundo nem sentir o vento no rosto
Sem qualquer aviso as ruas emudeceram e foi-se o riso
Ninguém mais pode ser livre nem fazer o que era preciso
Um vírus foi estopim de uma mudança interior sem fim
Famílias e amigos apartaram-se de modo muito ruim
Todos opinavam e ninguém se entendia como uma Torre de Babel
Então precisaram olhar mais para si sem disfarces nem véus
Alguns se fecharam em seu egoísmo sem pensar no semelhante
Já outros buscaram formas de transformar lágrimas em diamantes
Não importa a origem nem a culpa do mal que nos atinge tanto
Mas sim a união que é possível mesmo cada qual em seu canto
Muitos reinventaram-se de maneiras incríveis e corajosas
Buscando transmutar a devastação em um belo canteiro de rosas
E a Terra um dia irá se regenerar quando tudo voltar ao seu lugar
As perdas são motivo de pesar, mas nossos pés voltarão a sentir o mar.