Mágico instante.

Quantas vezes a gente sorriu sem vontade

Enquanto os sorrisos de verdade

Se esvaiam pelas portas que a vida fechou

Nas manhãs mais frias que vivemos

Quantas vezes atentamos para o fato

De que a gente conversava com o infinito

Enquanto à caminho de casa

E que simplesmente nunca ouvia uma resposta

Mas a gente dizia baixinho, mesmo assim

Na esperança de que um dia, lá no fim

Alguém, talvez escrevesse

Num muro que futuramente ainda fosse contruído

Mas que esse muro não nos parecesse muito alto

Nesse dia não há mais de importar o escrito

Mas que pelo menos ainda desse tempo

De lançar-se um olhar por cima dele

Saber o que existia do outro lado

Perguntar à manhã seguinte

Por que foi que esteve brava e fria, se ela era tão linda

Talvez ela apenas respondesse

Que foi só uma impressão de momento

Porque nosso coração pareceu tão triste àquela hora

E foi por isso que aquele vento

Nos trouxe um doce beijo e um forte abraço

Daqueles que as manhãs mais frias oferecem

A todo coração que chora, em segredo e sinceramente

Mas, de olhar nos nossos olhos

A manhã sempre sabe onde dói

E sabe também onde cabe o momento

Do sorriso que se esconde

Pode ser que a manhã, por ter te enxergado tão linda

Apesar de brava e triste

Deixou teu sorriso onde estava

Pra você sorrir, quando tiver vontade

Noutra manhã de frio cortante

No mágico instante em que a vida te abrir uma porta.

Edson Ricardo Paiva.