IRMANADOS
IRMANADOS
Quero tocar teu coração.
Colocar a mão lá dentro e te fazer um afago.
Os dias tem sido cinzentos do lado de fora,
Tempestades ecoam do lado de dentro.
As flores viraram cactos.
Nossos carvalhos foram queimados.
A água não mais nos pertence,
Os frutos, contaminados.
Os olhares andam caídos e semblantes desesperançados.
Enquanto o medo espreita nas frestas,
E o desatino afronta os lúcidos,
Os loucos avaliam os custos,
Desconsideram os frágeis,
Colocam pra fora seu lado mais obscuro e imaturo.
É quando urge parar e ver o que nos resta,
Chorar os idos, contar os vivos, agregar os fortes.
Fechar as lacunas, iluminar os cantos,
Disseminar o bem aos órfãos da sorte.
Quero te dar um afago,
Quero te dar minha mão,
O que em meu peito pulsa, ressoa no teu,
O que te aflige, também me agonia,
Aquilo que me ameaça, torna você meu irmão.
Insensato lutar uns contra os outros,
Quando temos um inimigo em comum.
No desperdício de vidas em nada há valia.
Se corremos o risco de não sobrar nenhum.
_RP_
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