Esperança.

Acontece numa tarde linda

de um tempo que talvez

Não tenha vindo ainda

Meu mirante é o alto da colina

e de lá eu posso ver a todos os lugares

Lá, vivemos todos

Uma coisa que eu creio que esteja

um degrau acima, talvez dois

da mera esperança em todos sermos

Algo que a vida obrigou

a deixar pra depois

Eu vejo o início da estrada

E também onde termina cada uma

Posso ouvir desejos e orações

Sentir a dor no coração de quem detém cada pedido

E cada medo

Cada medo de viver a vida a esmo

Consumidas no miasma que as consome

O medo em libertar a dor guardada

Aquela que em cada manhã lhes invade

Enorme e em segredo

Medo até do fogo eterno

Enquanto a chama interna os queima em vida

Cada imagem de espelho

Todo dia tem lhes revelado

A miragem refletida atrás de si

As almas não se reconhecem

Por receio de olhar-se

Se fogem de molhar na tempestade

E todos vão vivendo a própria vida

Em seu mundo perfeito

Aqui nesse lugar a noite nasce feliz

Cada estrela onde quis estar

A lua, linda, vem dizer

Que esse dia não chegou

e novamente eu desço

ao degrau da esperança

esperando que algum dia seja realmente

Essa tarde tão linda

de um tempo que talvez

não tenha vindo ainda.

Edson Ricardo Paiva