Quarentena
Se eu dançar em meio ao caos, não me segure
não me cure de ser alegre, ainda que reticente
não me cure de amar entre cuidados demasiados
Se na segunda cogitas morrer, espere
na terça a vida é possível
eu, que natureza morta já fui, estou vivo
eu que já fui impermeável à vida
encontro-me líquido à traduzir a saudade
Enquanto suturo o tempo
abro janelas e fujo de mim
meu verso é fratura exposta, nervo partido
Ei! É primavera noutros cantos
mas no meu recanto
é uma estação imprecisa
paleta de preto e cinza
Mas a cor do sol não mudou
a vida, meu caro, é furta-cor
Atreva-se a pintar