A Grande Descoberta

Adaptação ao português do original

The Great Realisation

por Tom Roberts

(Trazer ao português um poema britânico, sem desconstruir sua métrica e sua rima, é tarefa inglória. Insisto que saboreiem no original: a quem pode entender e a quem não, vale a pena ver o vídeo e o poema declamado pelo próprio autor)

— Conte-me de novo aquela sobre o vírus, então irei para a cama.

— Mas meu filho, você está ficando cansado, pensamentos sonolentos tomam sua mente.

— Por favor! É a minha favorita. Só mais uma vez, eu prometo.

Aconchegue-se, meu filho,

que bem sabe, embora, eu vi.

Essa história antes começa,

em um mundo em que vivi.

de esperdício e de fascínio,

de pobreza e de requinte.

Volto antes, pra que entendas,

reviver 2020.

Veja-os com suas empresas

negociar em todo o mundo.

Mas cresceram bem maiores

que em seus planos mais profundos,

Sempre tivemos desejos,

mas tão ágil é agora, um quique.

Poder ter tudo o que sonha

em um dia e com um clique.

Vê: famílias não conversam.

Não que nunca se falaram.

O sentido derreteu-se,

lida e vida descambaram.

Quadram os olhos das crianças

Cada qual seu fone em mãos.

Filtraram imperfeições,

mas em ruídos, eram sós.

O céu se tornava denso,

até não vermos estrelas.

de avião iam encontrá-las,

de carros tulharam vias.

Dirigíamos em círculos.

desaprendido o andar.

O alcatrão ao invés das relvas,

Minguar parques, a anular.

Enchemos o mar de plástico

Sem limites nosso lixo.

Até quando íamos pescar,

já embrulhado estava o bicho.

E bebíamos, fumávamos,

Digam os líderes por quê:

Melhor não vexar os lobbies,

mais conveniente é morrer.

Então em 2020,

nos cruzou um novo vírus.

Os governos reagiram

Fiquem em casa, aí, retidos.

Mas enquanto escondidos,

meio ao medo e o tempo a ir,

se varriam tais instintos,

recordávamos sorrir.

Aplaudiram agradecidos,

lembraram de suas mães.

E sem carros em poeira,

ansiavam passear.

E o céu sem aviões,

fez a Terra respirar.

Nos mares, silvestres vidas

começaram se espalhar.

Uns dançavam, uns cantavam,

outro estava a cozinhar.

Tão viciado a más notícias,

boas vinham pelo ar.

E então, quando a cura

nos autorizou sair,

Preferimos este mundo

ante o atrás deixado ir.

Velhos hábitos se foram

no fazer de um rumo novo.

Simples ato de bondade

era agora meritoso.

— Mas por que foi necessário

um vírus pra os unir?

— Bem, às vezes só o doente,

o estar melhor pode sentir.

Deite-se agora, e sonhe

com o que amanhã fazer.

E, talvez, se sonhar forte,

faça o sonho vir a ser.

Foi a Grande Descoberta,

outras mais vieram, seguintes.

Mas é a estória em seu princípio,

e porque em 2020.

Joe Santos e Tom Roberts
Enviado por Joe Santos em 07/05/2020
Reeditado em 08/05/2020
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