TÃO EU
Ainda que a dor fosse o caminho
E o caminho fosse a dor
Eu me cobriria de espinhos
Para te ver em flor
Desenharia versos com lápis de cor
E o lápis de cor conversos
E nenhum outro dissabor
Seria um manifesto
Apanharia vaga-lumes como estrelas
As estrelas como vaga-lumes
Arrancariam do teto as telhas
Em face do que nos une
Cobrir-te-ia com o véu da noite
E o véu da noite cobrir-te-ia
E diligente no recoice
O sono contemplar-te-ia
Andaria de pés descalços na terra
Na terra de pés descalços
Eu serei quem lhe espera
Ainda sobre o cadafalso
Ainda que a nuvem cubra o sol
E o sol cubra a nuvem
Aguardaria outro arrebol
Em tom de ferrugem