MARIA VIMARA
“Todos somos Marega” (*)
De nome Maria Vimara
Tu és a filha fidedigna
Do verde Minho, coisa rara,
E desta Cidade heroína
Sua defensora preclara.
Tu vieste do Alto Minho
Incumbida duma missão
Animar com todo o carinho
A estes filhos da Nação
Que para ti são pergaminho.
Mandou-te Maria da Fonte
Que da luta sabe da poda
E tu, que não nasceste ontem,
Entraste depressa na roda
Limpando a bruma do horizonte.
Tu és Vimara, e isso basta
Pra desanuviar o ambiente,
Há que extorquir a ignóbil casta
Qu´ anda por aí de cabeça quente
E torna esta Cidade nefasta.
Vestiste a farda Nicolina
Puseste o elmo do Fundador
E montaste tenda na colina
Donde tinhas visão melhor
Para topar a trupe maligna.
Treinaste no Campo d´Ataca
Alinhada com os Temperados
Não toleraste a alma fraca
Da Europeia Ala dos Namorados
Numa certa Cultura velhaca.
Oito anos já se passaram,
Mas ainda restam fumaças.
Pelos chãos qu´outrora brilharam,
Levantam-se agora ameaças
Em grupelhos que germinaram.
Claques dessas bem se dispensam
Entre o folclore das multidões
E há nuvens que se condensam
Garroteadas pelas paixões
Das mentes que agem e não pensam.
Tu és Maria, e és Vimara,
E Vimara de corpo inteiro,
Se d´ intrepidez não és avara
Queremos que venhas a terreiro
Fazer a justiça que t´ é cara…
Não é só no futebol, não,
Também nas revistas e jornais,
E na Internet e na televisão,
Violências, racismos, é o qu´há mais
E a Lei, pra isto, não tem mão.
Se Guimarães parece o foco
Das imbecis poucas vergonhas
Há qu´ alguém, na hora e in loco,
Acabar com estas peçonhas
E nada ficar a saber a pouco.
Se São Mamede foi a esfrega,
Que teve lugar na hora certa,
Hoje somos todos “Marega”…
Ficando a alma mais desperta
Pra tentar que tudo tenha regra.
Ó Maria, extirpa este mal de cá –
Teu nome Vimara tem história
Que não admite falsa maçã –
Vai ao Toural cantar Vitória
E faz risonho o nosso amanhã!
Frassino Machado
In OS FILHOS DA ESPERANÇA
(*) – Desabafo dum poeta vimaranense.