Tear palavras...
Frente às suas inquietações tinha o hábito de tear palavras, jeito para dar vida a algumas ideias, nesse ritual aguardava alguns desejados momentos de serenidade, precondição em seu processo de lapidação onde o tempo que corria não contava, existia apenas seu ir e vir solitário, sua única urgência se prendia a quanto mais ainda lhe haveria de lucidez e autonomia, embora soubesse que, uma vez expostas, essas construções não seriam mais crias suas, pertenceriam a um mundo sombrio onde a aridez, filha das intolerâncias, asfixiava diálogos e possibilidades de maneira lenta e silenciosa, restava-lhe, portanto, esperançar que algumas delas resistissem não como receitas ou protocolos, apenas pontos de reflexão.
Crianças não deveriam sofrer guerras, doenças graves, fome, frio, sede ou indiferenças.