Livro de cabeceira
No varal gotículas da chuva; o pássaro
Equilibrista em um dia frio, carrancudo
Palavras voando e o pensamento raro
Asas azuis, verdes, e um dia tão sisudo
Sumiu a frase, ficou a saudade de casa
A vontade de sentir o mesmo perfume
Ver flores no jardim e o calor das brasas
Ainda acesas no fogão à lenha, costume
Cortinas, cadeiras, chaleira, xícaras, chá
De camomila, alecrim, hortelã e cidreira
Papéis sobre a mesa; tanta saudade há
Verde íris pousada no livro de cabeceira.