BARCO DE ILUSÕES
Enchi meu barco de prendas,
Sonhos e promessas.
Lancei-o ao mar...
Rasguei minhas roupas gastas,
Banhei-me nas águas,
Lavei minhas mágoas...
Sob o olhar cúmplice da lua
Roguei minhas preces,
Acendi muitas velas,
Construí meus castelos,
Dissolveram-se nas águas...
Tantos sonhos levados,
Tantos pecados lavados,
Tantas promessas afogadas,
Tanto mar onde tudo deságua...
E eu, na praia, sempre a esperar
Que meu barco retorne
Com as ondas do mar...
O mar que tudo leva,
O mar que tudo traz...
Mas ai! Ele volta vazio
De promessas adiadas,
De sonhos em revoada.
Só me resta a esperança
Que nunca naufraga:
Essa sempre renovada
A cada ano que passa...
( Poema publicado no livro "Pétalas ao vento", Ed. CBJE )