Sou Arauto

Oh vozes do passado,

Que tendem a dizer algo inacabado,

Seria vontade de voltar,

Ou medo de ir até lá?

Lá,

Acolá,

O lugar que estagna,

O vértice de magma,

Céu noturno e semelhante,

Como brisa retumbante,

Atraí os mortos ó canção,

Faça-me um símbolo de renovação.

Entre os mil desertos,

De certos,

Demonstro minha vida num ato bestial,

Venho a frente de modo que minha armadura caia,

Neste belo mundo astral,

Peço que o peitoral saia.

E descendo até o chão num estrondo,

Nesse homem feito de escombro,

Vejo cicatrizes e sangue seco a meu prazer,

Demonstrando as dores da batalha que me fazem crescer.

E de prontidão vos digo,

Sou eu o mal deste mundo,

A viga de dúvida no coração do imoral,

Imortalmente mortal,

Sou o divino moribundo!

Destas grevas se quebram dedos humanos,

Da espada desgraçada me fazem mundanos,

De divino só a coragem, divina esperança,

Pois nessa suprema dança,

Eu sou o homem que cansa.

Meu sangue é a corrente da vida,

Que me faz de toda raiz de cidra,

Sou o grito e o eco da Hidra,

O gosto amargo da páprica.

Meus pés pisaram em mil gramas,

Pisotearam a mil damas e rainhas,

De todas as peças desse xadrez,

Eu sou o rio de escassez.

Dentro do meu castelo um eco seco,

“Acha que é humano, Ventus?”

Logo tu, aquele que traz os ventos da ironia,

Pensa em pessoas de tua insônia,

Eres o ser tal qual,

O peso descomunal,

Ria e se engasgava em Morte,

Mas com sorte,

Serei tu a dama de todo o seu porte,

Pois do teu norte,

É a redundância do ciclo,

Ciclo clemente de vida.

Por quais passos andam tua surpresa,

Qual a voz que ecoa na tua mente em minha presença,

O Deus que mantém tua cor é especial,

O mortal,

O sensual,

Aquele que é supra astral.

Vida longa ao Rei!

Esse sou eu,

O Veneno de Deus,

Que traz incógnita na vida em labor,

Sou o amargo sabor,

Do doce estilo de amor.

Porque tu ó Deus fez me em prantos,

Qual o significado dos meus espantos?

O que fiz para receber esses encantos,

Pois de todos os oito cantos,

De seus santos,

Sou eu quem tem os holofotes?

Mas quando minha espada se parte,

Quando minhas pernas se colocam abatidas,

Eu olho para meu Mártir,

E penso que são só batidas,

Do meu coração em desespero,

Procurando sentido para prosseguir.

A voz que me mantém de pé,

Aquela que é,

Faz meus demônios criarem um comitê,

Somente para ver,

Que eu sou o rei que merece vencer.

No Conselho das Sombras,

Sou o alvo principal,

Pois minha felicidade vos assombra,

Precisando ser o espetáculo final,

Afinal.

Eu sou quem devo ser,

O mal necessário para viver,

O amor de todo e qualquer ser,

O Rei do Perecer,

Meus olhos serão teu farol,

Meu amor o cerol,

Minha saliva o formol,

Tudo necessário,

Do Corvo ao Canário,

Do Demônio mais Humano ao Violinista,

Do Silencioso ao Oportunista,

Sou a cisma,

A crista,

A ponta da Balista.

Eu sou,

Necessário!

DOA O QUE DOER!!

Corvo Cerúleo
Enviado por Corvo Cerúleo em 12/12/2019
Código do texto: T6817622
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