AQUELE ADEUS
“Na partida de Mário Branco”
Hoje é o dia do teu adeus
Daquele adeus, qu´ adeus não é
Pois estarás sempre entre os teus,
Qual somos nós, caro José.
José Mário Branco, lutador
Mesmo ao jeito dos Macabeus,
De bons auspícios és merecedor:
Hoje é o dia do teu adeus.
Os teus passos de caminheiro,
As tuas canções de boa-fé
Merecem que sejas pioneiro
Daquele adeus, qu´ adeus não é.
A tua luta de liberdade
Levou teu País até aos céus,
És louvado à saciedade
Pois estarás sempre entre os teus.
Provaste que, para vencer
Há que lutar como quem crê,
De antes quebrar que torcer
Qual somos nós, caro José.
Mudam-se os tempos e as vontades
E, à sombra delas e de Camões,
Usaste as armas e as qualidades
Dentro do peito, com emoções.
Tangeste a lira, ó trovador,
Tal como quem tange um fuzil,
Do teu corpo, com paixão e amor,
Fizeste brotar um cravo d´Abril.
Tu vieste de longe, mas certo,
Abraçando com alma a missão
Teu exemplo deixa a descoberto
Uma luz e uma inquietação…
Em labirintos sem luz nem saída,
Marcha quieto o sonho do povo,
A sua alma não muda de vida
Porque não tem espírito novo.
Aquele adeus, ó Mário Branco,
Argonauta de nova viagem,
Levou-te pra longe com espanto
Ficando entre nós tua mensagem!
Frassino Machado
In OS FILHOS DA ESPERANÇA