BELEZA OCULTA - PARTE I

Depois das nuvens, depois da luz

Céu nu e completamente escuro

Tudo é tão morbidamente impuro

Sinto nos ombros o peso da minha cruz

No crepúsculo que antecede o anoitecer

Na aurora que precede o amanhecer

No antes e depois de tudo e do nada

Procuro a tua força redentora, difícil jornada

Insisto não desisto mesmo com a alma cansada

Não desisto… mesmo não acreditando em mais nada

Vivo desperto perto do porto do desespero

Não te busco no passado nem no futuro

Talvez por isso olhe tão focada’mente o hoje

Mal lembro do ontem, tenho memórias turvas,

de ter alagado tudo com a minha chuva

Que teima e por dentro queima como lava

Me sinto, um peixe fora d’água

Num mundo submerso em lágrimas de mágoas

Me sinto longe do meu habitat

Partido em ilimitadas partes

Ao fim ao cabo não caibo nem nos confins

Minha mão é muito maior que essa luva

Nessa realidade a vida é repleta de relevos e curvas

Agora chove dentro de mim

Esse acto a princípio parecia libertador

Mas a dor,

Ainda persiste e me persegue por onde quer que eu vá

Ainda me encontro preso, buscando meu Orixá…